sexta-feira, 27 de julho de 2012

Exame de Sangue

Meire pegou meu exame
E se meteu a o interpretar
E disse:  Carlos, que vexame!
Sua cova pode cavar...

A glicose tá nas nuvens
Seus hormônios no Japão
Seu trigliceres,cruzes,
Quase chega a um milhão

Fiado na conclusão
De que eu iria morrer
Mandei fazer um caixão
Com as tábuas d´um Ipê

Passei a noite a beber
Todo o tipo de porcaria
Certo que ao amanhecer
Meu velório começaria

Imaginei a gritaria,
Ao lado do meu caixão
Também a hipocrisia:
Lá se foi um homem bão!

Mas o dia amanheceu
E eu acordei vivinho
O sol brilhando no céu
Nas árvores os passarinhos

Mas eu continuei cabreiro
Com aquelas loucas taxas
E mal saí do travesseiro
Meti o pé na cachaça

Rápido fiz o testamento
Redigido numa só linha:
Uma sela, um jumento
Era tudo o que eu tinha.

Liguei pra dois amigos,
Dos milhares que já tive
Um se zangou comigo
Me chamando de patife

Mas Meire foi ao doutor
Munida do papelório
E de lá, alegre, ligou,
Pode dispensar o velório!

Com uma notícia tão boa
Meti o pé na cachaça
E assei uma leitoa
Que só sobrou a fumaça!
Me livrei da desgraça,
Mas não do raio do banco
Pois cheques dei na praça
Até com valor em branco
Certo de que a cachaça
Me mataria num tranco

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