sexta-feira, 29 de junho de 2012


Meu novo livro

Meus dois seguidores no twiter estão de cabelos em pé – mera forma de expressão, pois ambos são carecas – com um livro que me meti a escrever. Ambos são idênticos em tudo, até na forma com que externam as suas opiniões. Suas, não, pois ambas são idênticas e, por conseguinte, uma só! Nem bem sofregamente tecladas as primeiras linhas, eles entraram em desespero, apertando o nariz e dizendo eca!  Eles dão a entender que eu deveria gastar a minha tosca escrita com coisas mais sérias, mas sequer compreendem que eu não mais acredito que possam existir coisas sérias. Além do mais, gastei meu estoque de sacadas geniais na construção de um gerador eólico, que simplesmente não produz energia, apesar de girar freneticamente no telhado de minha casa. Queimada a minha chance de entrar para a posteridade, devo contentar-me com a mediocridade que me toca, a mesma que toca a totalidade da humanidade, exceto menos de cem pessoas que por aqui passaram, entre elas alguns gregos e, destes, um chamado Diógenes. Mas não sei por que os meus dois seguidores entraram nessa de pavor, pois nunca dei sorte de encontrar um leitor sequer de meus livros, tirante obviamente nós três. Sem ter como guardar a tiragem de um deles, resolvi os distribuir gratuitamente, e para ter a certeza de que eles seriam ao menos folheados, pus dentro de cada exemplar um cheque assinado por mim, no valor de mil reais. Até hoje nenhum dos cheques emitidos foi descontado, ou melhor, devolvido pelo banco, posto que, obviamente, eu jamais poderia supri-los dos necessários fundos. É que não tenho sorte com esses tipos de estratégia. Prova disso é que, desde que o twiter é twiter, tento aumentar o número de meus seguidores, mas ele continua empacado naqueles dois. Primeiro, imaginei que eu seria seguido por uma fila quilométrica já no primeiro dia de tuitagem minha. Mas nem a minha mulher que tanto me quer bem ousou se meter a me seguir. Comecei então prometer prêmios ao que se juntassem tuitermente a mim. Prometi bananas e abacates de meu sítio, mas nada! Aumentei então o valor de meu prémio, prometendo aos eventuais aderentes uma viagem a Minas Novas. Também nada! Fiz gravações de várias melodias cantadas pelo meu colega Antônio, as encapei em um DVD, mas nem assim os renitentes se renderam a mais melodiosa e afinada voz da cidade de Boaventura, na Paraíba. Por fim, prometi sortear entre os meus seguidores um lote na rua 19, do Lago Oeste, vizinho a um sargento do aeronáutica, metido a valente e perigoso. Mesmo assim o meu twiter continua com aqueles dois e eu privado da opinião de um maior número de seguidores. E essa opinião, segundo os entendidos em pesquisas e enquetes, só se aproxima do real quanto maior o número de seguidores. E como não consigo aumentá-lo, não devo me fiar na opinião de dois gatos pingados, na verdade nem dois, posto que eles são eu mesmo, já que eles não passam de heterônimos criados por mim mesmo! Dessarte, prossigo na elaboração do quão temido livro!

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